Pessoas com gota provavelmente terão uma crise nas primeiras semanas de Dieta Cetogênica. Isso ocorre porque, na fase de adaptação da dieta, a pessoa terá taxas elevadas de cetoácidos no sangue e o corpo ainda não sabe utilizá-los de forma eficiente, tampouco sabe quais corpos cetônicos produzir.
Então, podemos ter mais ácido acético do que BHB, por exemplo, sendo que o BHB é o que usamos como combustível assim que tivermos nos adaptado.
Mas, inicialmente, o corpo passará por esta fase de elevados cetoácidos, que são descartados através da urina. Haverá uma competição nos túbulos renais pela excreção do ácido úrico e dos cetoácidos. Assim, teremos menos ácido úrico sendo excretado e mais ácido úrico no sangue. A crise de gota virá. Medidas de prevenção precisam ocorrer neste período de adaptação.
É fundamental alertar o paciente que, nestes casos, torna-se impossível a ciclagem de carboidratos, os dias de lixo, o pedaço de bolo no fim de semana. A entrada e saída de cetose, nestas pessoas, resultará em ataques. Isso também vale para dietas de baixo carboidrato e gota.
O lado positivo é que o efeito anti-inflamatório da Dieta Cetogênica (especificamente, do BHB) tem sido apontado como possível tratamento para gota. Os estudos ainda estão sendo realizados em animais, mas são promissores. A cetose teria um efeito positivo sobre o inflamassoma NLRP3, um complexo proteico que dispara inflamações ligadas à gota. Não é preciso falar da perda de peso gerada pela Cetogênica e a importância do baixo peso no caso de gota.
Ao longo do tempo, é interessante adaptar a Cetogênica para uma Cetogênica com alimentos com baixa purina para estas pessoas, visto que a purina gera elevação de ácido úrico (a quebra da purina é responsável por 15% do ácido úrico no sangue).
Carnes vermelhas, alguns peixes (sardinhas, atum, anchovas etc), vísceras, carne de caça, laticínios, álcool e açúcar devem ser reduzidos ou eliminados da dieta para reduzir riscos.
(Com informações da nutricionista Tamzyn Murphy e Virta Health)
Boa noite, aqui é o Lucas!
A vitamina C compete com o ácido úrico pela mesma função de antioxidante hidrossolúvel, mas uma parte do seu excesso é metabolizado em oxalatos. No passado, fomos capazes de sintetizar nossa própria vitamina C mas a seleção natural nos subtraiu esse gene. Ouvi que há estudos que relacionam a presença de vitamina C & ácido úrico, com o surgimento ou agravamento de gota mas nenhum problema na presença de um ou de outro. Considerando isso, suplementação ou mesmo a busca pela manutenção de algum nível de vitamina C em dietas cetogênicas ainda é recomendado? Acredito ser mais fácil gerar e manter o ácido úrico no sistema do que eliminá-lo através de altas doses dessa vitamina, especialmente considerando que ela também compete com a glucose pelo transportador glut4.
Lucas, acho válido conversar com teu médico sobre isso. Da minha parte, o que posso dizer é que uma dieta rica em vitamina c é fundamental para as desordens cerebrais (vulgo mentais) com as quais trabalho, já que grande parte tem deficiência de vitamina c na equação e muitas destas desordens implicam vícios em drogas, o que implica um cuidado ainda maior com a vitamina c. Posso dizer, também, que vitamina c não é um dos suplementos padrão das dietas cetogênicas, mas comer alimentos ricos nela é sim uma diretriz básica: brócolis, limão, repolho, morango, pimentões etc.