Derramei uma lágrima hoje quando percebi o maior símbolo de evolução da última década na minha vida. Neste carnaval, eu usei uma roupa de banho na frente das pessoas. Um maiô.
Nunca tive coragem. Eu tinha vergonha do meu corpo. Vocês sabem, ou não, que eu perdi 80kg ao longo da vida. Mantenho esses 80kg a menos. Nunca quis fazer cirurgia plástica para remover o excesso de pele por incontáveis motivos que foram mudando neste tempo.
Inicialmente, eu temia fomentar os transtornos alimentares. Eu sabia que o emagrecimento gerava foco excessivo no corpo. Eu sabia que, após o emagrecimento, a mente buscaria mais foco no corpo. E mais foco no corpo. E eu sei que o ciclo não tem fim.
Vi pessoas morrendo de obesidade, claro. Mas, vi mais pessoas morrendo após perder peso. Isso mesmo. A morte pela mente doente é mais cruel do que a do corpo.
Há alguns anos, comecei a trabalhar a visão de corpo como ela é: um veículo para a mente, que é um veículo para o ser. A ideia de construção do corpo atingiu um novo patamar, um que a contemporaneidade infelizmente ignora.
Saúde para gerar energia equilibrada para gerar sabedoria. E a matéria no seu devido lugar, o de matéria apenas.
Foi aqui que eu testei minha grande terapia: a da mudança sem sofrimento. A do apenas deixar a mudança vir. No mundo da performance, esta ideia vai de impossível a abominável. Gostamos de sofrer e exibir nossa dor. No pain no gain. No brain, eu diria.
Ocorre que os mais elevados estudos randomizados apontam tempo de mudança ridículos. Em 1 ou 2 anos, a pessoa perde toda a transformação. Tanto esforço em vão, meu amigo. Vamos de um polo ao outro, é claro. Da obesidade ao corpo perfeito à obesidade. Da doença ao equilíbrio à explosão.
Tudo porque não construímos a estrutura que manteria este novo ser. Nossa ignorância sobre nossos processos permanece. Seguimos tão doentes quanto, mas temos um belo corpo para mostrar agora. Por dois anos. Depois, só deus sabe.
E gostaria de frisar o tempo: após 20 anos, usei uma roupa de banho na frente das pessoas. Não porque meu corpo está lindo. Não porque qualquer banalidade dessas. Eu expus meu corpo porque ele é apenas meu corpo. E eu estou livre disso finalmente.
O que fica desse post não é parabéns a mim, mas sim um pedido de que você reconheça seu próprio caminho. Saiba construir estrutura interna. Construa o universo que dará luz a quem você quer ser. E agradeça quando este dia chegar. Agradeça apenas.
Nossa,fico feliz por vc,por sua luta e reconhecimento proprio!!!
Parabèns,texo exemplar e motivador
Adorei…
Parabéns… Juliana… que o Senhor nos ajude a alcançarmos o que você alcançou…e que agora você é motivadora em saúde…bem estar…
Muitas felicidades… prossiga nesta linda missão que Deus te deu!!!😍😍😘
Não temos escolha, felizmente. Muito obrigada pelo comentário. Significa muito para todos nós.
Olá, caríssima Juliana! Espero que estejas bem sempre. Com base na sua história de vida eis realmente uma batalhadora e um exemplo a seguir vou seguir os seus passos para que eu possa copiar e obviamente melhor a minha saúde. Este é verdadeiramente o meu foco. Parabéns!
Queridão, me emociono e guardo no peito estes gestos de humanidade. Sim, somos irmãos de reconstrução e perenes são aqueles que caminham um pouco por dia. A luta é longa, não é o desafio dos 30 dias. Felizmente, a vida dura muito mais e saúde vai além da balança.
Acredito que morremos justamente por nos separarmos dos processos. Há uma nova série na Netflix, muito chata por sinal, que mostra os alimentos tradicionais de sociedades antigas. Assisti a uns três episódios apenas porque cada segundo reforçava como a vida atual é fácil, rápida, industrializada. Os alimentos que levavam meses de fermentação, as plantas que precisavam crescer no nosso jardim, tudo foi sendo podado e nós, claro, perdemos completamente a noção de tempo. Todas as doenças que temos são fruto desta separação. A alimentação é apenas uma faceta disso tudo.
Aquele que consegue reconstruir a mentalidade do processo colherá todos os frutos. É por isso que planto diariamente. Estou longe de chegar lá, mas sei que é este o processo. 🙂
Mulher, que relato!
Tu é uma guerreira!
Fiquei na dúvida se comentava, mas lá vai.. eu estou fazendo a cetogênica por conta própria a 9 dias. Estou super feliz porque apesar de não me pesar é visível que emagreci uns 5kg ou mais (até meu pai percebeu e começou a se interessar também). Eu estava a um tempo tendo compulsão alimentar (não grave… mas de comer sem vontade e sem parar, em determinados momentos, alimentando as emoções como as pessoas dizem) e havia engordado mais de 10kg nos últimos 2 anos, talvez 15kg. Isso me abalou muito e emagrecer esses dias me deixou feliz. Então, hoje, fui provar uma calça jeans da época que já estava mais gordinha e ela ficou apertada.. e eu me dei conta que emagreci bem SIM mas não tanto como eu imaginava, e a partir daí toda vez que me via no espelho ficava feliz e triste ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo estou numa fase de muita pressão (minha mesmo) para passar em concurso público, mais outras questões pessoais… Enfim, desculpe o texto enorme kkkk Sei que estava terminando meu dia triste, acabei comendo mais que o normal hoje pela própria ansiedade (imagino eu.. ) já tinha até chorado porque não fui “produtiva” nos estudos e não emagreci tanto como pensava.. e chorei novamente lendo seu artigo e me lembrando que o importante é o processo, e a saúde mental. Vou parar por aqui, mas é isso…MUITO OBRIGADA por existir! rsrsrs Abraço! Deus te abençoe! E amanhã meu dia vai começar melhor. Um passo de cada vez.
O famoso período de pressão. Em algumas pessoas, é de fato um período. Para outras, como eu, é um padrão. Observo minha vida e vejo como, assim que entro em um período de tranquilidade, invento alguma coisa (de fato importante) que me coloca em pressão novamente. Assim, passo minha história me explicando para mim mesma. Justo. Sob pressão, nada mais óbvio do que comer mais. Na primeira fase, acreditamos que a aceleração se dá porque não conseguimos cumprir as infinitas tarefas que nos autoimpomos. No segundo passo, acreditamos que a aceleração se dá porque a pressão externa nos afasta de nós mesmos. Na terceira fase, com esperança, na maturidade, conseguimos atuar sobre isso e finalmente desacelerarmos. O que importa é viver cada fase de forma lúcida. Este é meu ponto de vista.
O objetivo final da existência não é 15kg a menos, mas a liberdade e a felicidade. Quando conseguimos saber se passar no concurso este ano é de fato necessário ou se é mais um padrão nosso, já demos o primeiro passo. Depois, entendermos que, se é necessário mesmo passar no concurso este ano, colheremos os frutos disso com alegria (passar no concurso e engordar 15kg) – ou fazer o melhor que podemos sem gerar imensas perturbações dentro de nós.
Eu não tenho uma resposta absoluta para isso porque ela não existe. Às vezes, a pressão é real. Proponho que colhemos todos os frutos. Todos. Que vejamos que tudo faz parte do processo. Às vezes, a pressão é criada por nós. Nada melhor para fugir de si mesmo do que empilhar uma escada de crescimento material infinita. Neste caso, entender que nada lá fora acalmará a fome de si mesmo é o melhor caminho.
Para isso, apenas uma solução: plantar um pouquinho de si mesmo diariamente e perceber como o ser se tranquiliza. Conhecer e respeitar os próprios limites é a maior forma de amor. Apenas isso alimenta por dentro, nada mais.
Obrigada pela confiança no comentário, Juju.
Vamos caminhando juntas.
Ju, teu texto é uma grande inspiração! Que libertadora esta tua experiência! E que eu consiga chegar neste nível de liberdade e consciência! Obrigada por dividir tua história e conhecimento.