O psiquiatra norte-americano Chris Palmer MD tem utilizado a Dieta Cetogênica para tratamento de transtornos do humor e doenças mentais há mais de uma década. Pesquisador de Harvard, seus mais recentes esforços estão focados em publicar estudos nesta área. É um trabalho delicado, que precisará provar, cientificamente, o que ele tem encontrado: uma forte relação entre doenças neurológicas, mentais e metabólicas.
Em sua palestra, apresentada no seminários Metabolic Health Summit (31/01/20) e Low Carb USA (19/01/20), Chris Palmer reuniu as evidências: pesquisas com humanos e animais, além de relatos de caso publicados e, claro, sua experiência clínica.
Aqui, neste completo conteúdo, veremos as lições apresentadas por ele nestes eventos. Tipos de Dieta Cetogênica, riscos, transtornos para os quais pode ser aplicada, como a Keto atua sobre o cérebro e quais relações existem entre a epidemia de doenças metabólicas (obesidade, diabetes, cardiopatias) e a epidemia de doenças mentais.
Depois que comecei a divulgar as relações entre as desordens e focar meu trabalho como psicoterapeuta e consultora nutricional nesta área, muitos leitores me buscaram. Há três questões fundamentais que você precisa saber antes de usar a Dieta Cetogênica para tratamentos de patologias psicológicas, neurológicas, psiquiátricas:
- A dieta que tem mostrado evidências de melhoria em transtornos mentais é a chamada Cetogênica Terapêutica, uma versão da Keto mais próxima da Cetogênica clássica, que foi criada há 99 anos para o tratamento de epilepsia. Ou seja, não é a Cetogênica para emagrecimento ou bem-estar. Tampouco, uma dieta da moda.
- Esta dieta oferece riscos e não deve ser feita por conta própria, sem acompanhamento de um médico e de um profissional capaz de conduzir a nutrição e a vida do paciente neste período.
- São raros os psiquiatras que atendem com Cetogênica, como Dr. Palmer. Ele sugere uma solução mais simples: uma ligação entre seu psiquiatra, um médico que conheça a dieta e o profissional que a aplicará. Este diálogo entre os três será suficiente para acolher o paciente.
Coloquei os links para todos os estudos apontados por Palmer. Compartilhe este guia com seu médico. Se desejar, peça que ele entre em contato comigo, Juliana Szabluk, para esclarecer possíveis pontos sobre as diretrizes nutricionais na implementação do tratamento e ajustes de medicações.
Vamos às lições apresentadas pelo psiquiatra Dr. Chris Palmer, neste guia completo sobre Dieta Cetogênica para doenças neurológicas, metabólicas e mentais.
Chris Palmer: Dieta Cetogênica Terapêutica
A Dieta Cetogênica é uma dieta com alta gordura, proteína moderada e baixíssimo carboidrato, desenvolvida em 1921 para o tratamento da epilepsia. O objetivo da dieta é colocar o corpo no chamado estado de cetose.
- Em cetose, o corpo utiliza gordura e não carboidratos como combustível principal. Isso inclui a energia do cérebro.
- Não há estudos suficientes sobre isso, mas, provavelmente, de 30% a 40% das células cerebrais usam sim glicose como combustível. Sem glicose, estas células morreriam. Mas, o resto das células usam corpos cetônicos.
- Há três tipos de corpos cetônicos: beta-hidroxibutirato (BHB), acetoacetato e acetona.
- A Dieta Cetogênica mimetiza os efeitos do jejum no organismo.
- A maior parte das pessoas perde peso na dieta, mas é sim possível manter e até ganhar peso com a dieta.
Tipos de Dieta Cetogênica (variações médicas)
“Só porque há a palavra ‘cetogênica’ na dieta, não significa que estamos falando da mesma coisa”, explica Palmer, que apresenta as diferentes versões da Keto estudadas atualmente.
Cetogênica Clássica (4:1 ou 3:1)
A Cetogênica clássica é usada rigorosamente em centros de tratamentos de epilepsia. É referida como uma dieta 4:1 ou 3:1. Isso quer dizer que, para cada 4 gramas de gordura, há 1g de proteínas + carboidratos. Novamente, para cada 4g de gordura que você ingerir, você deverá consumir 1g de carboidratos + proteínas combinados. Em média, 90% das calorias vêm das gorduras neste caso.
Dieta Cetogênica do MCT
MCT (no Brasil, TCM), significa Triglicerídeos de Cadeia Média. Os MCTs são mais facilmente convertidos em corpos cetônicos. Ao adicionar MCTs, você provavelmente poderia manter uma relação de 2,5:1 e manter uma cetose elevada, explica Palmer. MCT mais indicado neste caso: Brain Octane, da marca Bulletproof (100% ácido caprílico, o C8).
Atkins Modificada (3:1 ou 2:1)
Atkins Modificada é uma dieta cientificamente comprovada como tratamento para epilepsia e usa uma relação de 2:1 a 3:1 de macronutrientes. É utilizada no Johns Hopkins para tratamentos e é mais liberal do que a clássica, mas ainda tem a gordura como fonte de energia principal. Não é tão eficiente quanto a 4:1 no tratamento de epilepsia (Martin et al, 2016).
Dieta Cetogênica com restrição calórica
É a dieta mencionada por Thomas Seyfried em alguns de seus estudos que usam Cetogênica para câncer. É extremamente difícil e arriscada e, portanto, DEVE ser feita com acompanhamento médico constante. Pense em algo como 600 calorias diárias, mantendo a proporção de 4:1.
Suplementos de corpos cetônicos exógenos
Ainda não está claro se a suplementação de corpos cetônicos mimetiza todos os efeitos da Dieta Cetogênica. Contudo, tenho acompanhado de perto os estudos com a utilização de Ésteres (marcas: HVMN, Keto Swiss e KetoneAid) e/ou MCTs Emulsionados (marcas: Onnit e Sports Research). Opinião pessoal: a utilização destas ferramentas é o futuro do tratamento com cetose.
A marca Keto Swiss foi desenvolvida pela pesquisadora Elena Gross, ex-parceira de Dominic D’Agostino, cujo trabalho com cetose terapêutica e enxaqueca você deve acompanhar. Lembremos que enxaqueca, euforia, febre e epilepsia eram desordens irmãs na Medicina Antiga. Então, clique aqui para ler o conteúdo com Elena Gross.
Pratos e refeições nas diferentes versões da Cetogênica
Na imagem acima, da Charlie Foundation, você enxerga as diferenças nos pratos entre as versões das Dietas Cetogênicas. Todas as refeições têm a mesma quantidade de calorias e os mesmos ingredientes.
Porém, as proporções mudam.
A maioria das pessoas pensa que um prato cetogênico é o verde, na proporção 1:1. Maionese, frango, brócolis e azeite de oliva por cima. Isso é uma dieta 1:1 [perceba que há praticamente 30g de gorduras para 30g de proteínas + carboidratos. Isso é a proporção 1 para 1].
O prato vermelho é a Cetogênica clássica, na proporção 4:1, utilizada para epilepsia [40g de gorduras para 10g de proteínas + carboidratos combinados]. Com esta dieta, 50% dos pacientes tiveram cessação de crises epilépticas e 35% melhoraram significativamente.
“Quando vi a seringa na foto pela primeira vez, me desmotivei e pensei que aquela seringa era péssima. Agora, adoro a seringa por dois motivos: se você está fazendo uma dieta cetogênica 4:1, você está fazendo por motivos médicos. A seringa é sua medicação. Ainda, você precisa sim ser meticuloso desta forma. Pesos, medidas, cálculos para colocar mais gordura na refeição”, argumenta Palmer na palestra.
Dieta Cetogênica | Mecanismos de ação no cérebro
Milhões de dólares foram gastos na tentativa de descobrir como uma dieta mimetiza o estado de jejum no corpo humano. Empresas farmacêuticas têm a meta de desvendar o funcionamento da cetose no cérebro para produzir remédios que funcionem.
Afinal, ainda hoje, 30% dos pacientes que sofrem de epilepsia não respondem a tratamento algum – medicamentos ou cirurgias e, possivelmente, não responderão a drogas desenvolvidas no futuro. Apenas a Cetogênica conseguiu mudar o quadro.
A mais fundamental das perguntas deve ser abordada: como e por que os corpos cetônicos regulam o cérebro humano?
Vamos ver algumas diretrizes gerais pesquisadas por Susan Masino e Jong Rho, publicadas também por Jong Rho, no Neuroscience Letters 637 (2017). Saiba mais sobre o trabalho da excelente Susan Masino na Live sobre epilepsia, autismo, bipolaridade e déficit de atenção.
Chris Palmer resume o que os estudos mostram sobre o funcionamento da cetogênica no cérebro:
- A Dieta Cetogênica reduz os níveis de açúcar e insulina e isso sensibiliza novamente os receptores de insulina.
- Produz corpos cetônicos, um combustível alternativo ao açúcar, mas que também são moléculas sinalizadoras poderosas. Corpos cetônicos mudam a epigenética e o metabolismo.
- Corpos cetônicos em si têm poder anticonvulsivante.
- Corpos cetônicos mudam os neurotransmissores, incluindo elevação de GABA, redução de glutamato e elevação de adenosina, tanto como modificam a regulação dos canais iônicos.
- A cetose melhora a função e a produção mitocondrial, que ativa o metabolismo.
- Aumenta os ácidos graxos poli-insaturados circulantes (PUFAs), que são neuroprotetores.
- Corpos cetônicos reduzem a leptina, o hormônio da saciedade. “Normalmente, você pensaria que, se os níveis de leptina estivessem altos, você se sentiria mais satisfeito. Porém, obesos têm altíssimos níveis de leptina. Isso ocorre por um tipo de resistência à leptina no cérebro. As células de gordura mandam sim o cérebro parar de comer, mas o cérebro não consegue capturar a sinalização. Os corpos cetônicos tornam o sistema da leptina sensível novamente”, explica Palmer.
- Corpos cetônicos reduzem a inflamação cerebral.
- Mudam a microbiota.
- Mudam a metilação do DNA e a expressão genética.
- Têm efeitos antienvelhecimento: aumentam a autofagia (remoção de partes danificadas de células), aumentam o NAD+ (nicotinamida adenina dinucleotídeo), ativam sirtuínas.
O funcionamento é amplo e, portanto, nos leva a pensar nas doenças para as quais a Cetogênica pode ser usada como linha de tratamento. Vejamos o que Chris Palmer MD nos diz:
Doenças com potencial de tratamento com cetose terapêutica
Os estudos e relatos de caso apontam, frente a tantos benefícios, que a Dieta Cetogênica tem potencial para tratar ou auxiliar no tratamento de diversas desordens. Isso ocorre não por achismos ou coincidências, mas através do estudo comparativo entre a desregulação de determinada desordem e a regulação gerada pela cetose.
Note: isso não significa que corpos cetônicos curarão estas doenças. Significa sim que os corpos cetônicos podem auxiliar na melhoria destas doenças, relembra o médico.
- Autismo
- Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), ou doença de Lou Gehrig
- Alzheimer
- FIRES (Febrile infection-related epilepsy syndrome)
- Síndrome de deficiência do transportador de glicose tipo 1 (GLUT1-DS)
- Parkinson
- Síndrome de West
- Síndrome de Doose
- Esclerose Tuberosa
- Bipolaridade
- Tumores Cerebrais e outros tipos de câncer
- Depressão
- Diabetes
- Síndrome Metabólica
- Nefropatia Diabética
- Enxaquecas e dores de cabeça
- Desordens mitocondriais
- Esclerose Múltipla
- Narcolepsia
- Transtorno esquizoafetivo e esquizofrenia
- Derrame
- Traumatismo cranioencefálico
- Obesidade
Transtornos mentais: causas e relações com doenças metabólicas
Quais são as causas das doenças mentais? Dr. Palmer nos traz a teoria predominante, chamada de Modelo Biopsicossocial, formada por três eixos:
- Fatores biológicos: genética e hormônios
- Fatores psicológicos: crenças e valores familiares e culturais
- Fatores sociais: pobreza, crimes, amizades
“Note que o metabolismo quase nunca é mencionado. Mas, veremos algumas correlações fortes e significativas, que podem nos apontar um caminho”, diz o médico.
“Sabemos que tudo que chamamos de transtornos mentais têm uma relação bidirecional com aquilo que consideramos doenças metabólicas. Falarei sobre três: obesidade, doenças cardíacas e diabetes. Nestes casos, a relação é bidirecional. Se formos a um grupo de pessoas diagnosticadas com um transtorno mental, veremos que elas têm muito mais propensão de serem obesas também.
Ao mesmo tempo, se formos a uma clínica de perda de peso, veremos que estas pessoas têm muito mais propensão a doenças mentais. Quando há correlação bidirecional forte, devemos nos questionar sobre caminhos comuns na fisiologia. Depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia estão todos ligados a taxas mais altas de obesidade. No caso de bipolaridade e esquizofrenia, as taxas são impressionantes.”
Obesidade e doenças mentais
- 20 anos após a primeira internação em um hospital, 2/3 dos pacientes com esquizofrenia e metade dos pacientes com bipolaridade se tornam obesos (Strassnig et al, 2017, Bipolar Disorders; McEntyre, 2006). “A maioria das pessoas pensa: claro, os remédios geram ganho de peso, geram diabetes. Sim, fato. Mas isso é apenas parte da história.”
- Pessoas obesas têm disfunções cerebrais comprovadas em pesquisas (Chen et al, Neuropsychiatric Disease and Treatment, 2018).
- Sabemos que a obesidade agrava os sintomas da bipolaridade, em comparação a pacientes magros (Fagiolini, Am J Psychiatry, 2003).
- Obesos têm 25% a mais de chances de manifestarem transtornos do humor ou ansiedade (Kessler, 2006).
- Temos dados longitudinais mostrando que pessoas saudáveis que se alimentam de comida processada, ao longo de 10 anos, têm mais chance de se tornarem obesas, é claro, mas também de desenvolverem depressão (Lassale, 2018).
Transtornos psicológicos e diabetes
Mesmas relações bidirecionais.
- Pessoas diagnosticadas com esquizofrenia têm três vezes mais chance de desenvolverem diabetes em comparação com a população geral (Rajkumar et al, 2017, Am J Psychiatry).
- Pessoas com depressão têm 60% mais chance de desenvolverem diabetes (Lassale, 2018).
- Quando pessoas apresentam bipolaridade ou esquizofrenia de início recente, elas geralmente manifestam desregulação nos níveis de glicose. Isso ocorre antes do primeiro medicamento ser dado ao paciente. Antes do primeiro remédio, eles já têm sinais de desregulação de glicose (Pillinger et al, 2017).
- Diabetes frequentemente surge antes da obesidade em casos de doenças mentais graves (Sun et al, 2018).
“Pensamos em diabetes seguindo o seguinte modelo: você come demais, se torna obeso e desenvolve diabetes. No caso das doenças mentais, é o inverso. Você desenvolve ou manifesta a doença mental, depois a diabetes, depois você engorda até se tornar obeso”, esclarece Chris Palmer.
“E se eu for até a clínica de diabetes para observar a saúde mental dos pacientes?”, questiona o médico.
Diabetes e doenças mentais
Agora, observamos a correlação, indo na direção inversa (Semenkovich et al, 2015):
- Pessoas com diabetes têm duas vezes mais chance de desenvolverem depressão clínica.
- Em diabéticos, os episódios depressivos duram 4x mais tempo (92 semanas para diabéticos, 22 semanas para população em geral). Isso é relevante, dado que 25% de diabéticos têm depressão clínica.
- A depressão piora os sintomas da diabetes. Pegue um diabético estabilizado por suas medicações, injeções de insulina ou até mesmo regulado através da própria Cetogênica. Um paciente com níveis de glicose regulados. Se esta pessoa sofrer um trauma ou eventos estressores e passar por um episódio de depressão, os níveis de açúcar no sangue subirão e os danos vasculares subirão.
Como a depressão faz os níveis de açúcar no sangue subirem?
Doenças cardiovasculares e transtornos mentais
Relações apontadas nos estudos: (Lett et al, 2004)
- Depressão é um fator de risco crítico para doenças cardíacas
- A depressão eleva em 50% a 100% o risco de cardiopatias em pessoas saudáveis
- Em pessoas com doenças cardíacas, a depressão aumenta o risco de outro evento cardíaco em 50% a 150%
- 20% das pessoas com doença arterial coronariana (aterosclerose coronariana) sofrem de depressão.
- 33% das pessoas com insuficiência cardíaca sofrem de depressão.
- Pessoas diagnosticadas com esquizofrenia e bipolaridade têm muito mais chance de desenvolverem cardiopatias do que a população geral (Fan et al, 2013).
Expectativa de vida e transtornos mentais
Pessoas com doenças psicológicas morrem mais cedo. A expectativa de vida é significativamente reduzida com desordens crônicas: (Plana-Ripoll, Lancet, 2019)
- Esquizofrenia: redução de 10 a 30 anos.
- Bipolaridade: redução de 9 a 25 anos.
- Depressão: de 7 a 18 anos.
- Todas as desordens levam à redução da vida. TDAH, ansiedade moderada, todas estão associadas à redução da vida (das 7 milhões de pessoas analisadas, encontrou-se uma média de 10 anos de redução para homens; 7 anos de redução para mulheres).
“Estas pessoas estão morrendo de doenças metabólicas. Não é suicídio. Estamos falando de ataques do coração, de diabetes e de câncer. As taxas de suicídio são sim altas, mas muito menores do que as outras causas”, relembra Chris Palmer.
Todos falam sobre a epidemia das doenças metabólicas, mas e a explosão de doenças mentais?
Epidemia de doenças metabólicas e epidemia de doenças mentais
Ansiedade: de 1996 a 2013 (Bachhuber, 2016)
- 36% a mais de pessoas estão utilizando benzodiazepínicos.
- Aumento da dosagem anual de 140%.
Depressão (WHO)
- Depressão é a maior causa de incapacitação no mundo. “Câncer, diabetes, doenças cardíacas? É a depressão que está tirando a vida das pessoas”, alerta Palmer.
- São 300 milhões de pessoas no mundo sofrendo de depressão neste momento.
- 12,7% dos adultos (EUA) tomam antidepressivos.
Autismo: de 2000 a 2014 (CDC)
- aumento de 300% em 14 anos
Transtorno bipolar: de 1994 a 2003 (Moreno, Arch Gen Psychiatry, 2007)
- número de casos dobrou em 10 anos
- quando falamos de crianças e adolescentes, o número de casos aumentou 40x neste período. Isso significa 4.000% de aumento de casos de bipolaridade entre os jovens.
- aumento de 85% em adultos
Taxas de suicídio: de 1999 a 2016 (SAMHSA)
- 30% de aumento em 17 anos.
- 100% de aumento nas mortes por desespero (mortes que envolvem uso de drogas – quaisquer, da overdose à morte no trânsito por consumo de álcool).
“Há sempre a polêmica ‘os casos estão aumentando ou os médicos estão hiperdiagnosticando’? Um bom argumento para acabar com isso é observar os dados de suicídio. Ninguém tira a própria vida para tentar conseguir uma prescrição de um remédio”, aponta Chris Palmer MD.
Por que intervenções metabólicas para doenças mentais?
“Quando estudamos pacientes de desordens mentais quaisquer, eles podem ainda não ter uma doença metabólica diagnosticável, mas já há perturbações claras no metabolismo. Estas perturbações são verificáveis e mensuráveis e isso é conhecido há meio século”, argumenta o psiquiatra.
O que são perturbações metabólicas?
Níveis elevados de lactato, níveis reduzidos de ATP/ADP, espécies reativas de oxigênio, desequilíbrio redox (estresse oxidativo): desequilíbrio na relação NAD+/NADH (o casal redox, ligado à energia celular), inflamação, anormalidades no metabolismo da glicose, níveis elevados de cortisol.
“Sabemos que a simplificação do cortisol é reducionista, mas deve ser somada à lista de observações. Se alguém passa por um episódio de estresse ou trauma, seus níveis de cortisol serão elevados sim. Cortisol gera resistência à insulina diretamente, ganho de peso, diabetes e… Fome.
Por mais religioso que você seja com sua Cetogênica, se você tomar altas doses de corticoides, você dirá adeus à dieta. A necessidade de carboidratos será insuportável.
Isso significa que uma dieta ruim está causando doenças mentais? Não. O que significa é que perturbações metabólicas no cérebro e no corpo podem afetar o que você come. Estas perturbações, que causam obesidade, diabetes, doenças cardíacas podem também estar causando ou ao menos colaborando para as doenças mentais”, diz Palmer.
Por que Dieta Cetogênica para doenças mentais?
Temos um Cochrane Review (mais alto padrão de evidência científica) demonstrando que a Dieta Cetogênica é um tratamento eficiente para epilepsia.
A maior parte dos tratamentos para epilepsia são rotineiramente utilizados para tratar desordens psiquiátricas off label (os remédios são prescritos para tais desordens mesmo que não tenham sido criados para isso). Aliás, apenas 12% dos diagnósticos pelo DSM têm tratamentos aprovados pelo FDA.
“Falamos do uso de Depakote, Carbamazepina, Gabapentina, Lamotrigina, Topamax e todos os benzodiazepínicos. Zanax, Valium, Clonazepam. Todos são drogas antiepilépticas e são diariamente receitadas às mais diversas desordens psiquiátricas. Para TODAS as desordens psiquiátricas. TODAS.
Tudo utilizado para psicose e esquizofrenia, tudo utilizado para bipolaridade é utilizado, também, para ansiedade, depressão, estresse pós-traumático, para tratamento do alcoolismo e transtornos devidos ao uso de opiáceos. Transtornos alimentares.
Estamos usando medicamentos para epilepsia para todas estas desordens? Como assim?”
A Dieta Cetogênica é comprovadamente eficiente na reversão de muitas anormalidades cerebrais ligadas às desordens mentais (incluindo aqueles que não têm desregulação da glicose e insulina em graus elevados).
Evidências: Dieta Cetogênica funciona para tratar doenças mentais?
Depressão e Dieta Cetogênica
Não temos estudos de caso publicados para depressão. O que é comprovado é:
- A perda de peso é relacionada à melhoria da depressão (Jantaratnotai, 2017). A Cetogênica é excelente para a perda de peso.
- “Há incontáveis estudos demonstrando que a Dieta Cetogênica melhora sintomas de depressão nos casos de epilepsia. Não sabemos se há relação direta, ou seja, se a cetose reduz a depressão ou se a cetose reduz as crises e, por isso, a depressão seria reduzida. Mas, é interessante salientar que os pacientes de tais estudos relatam melhorias comuns a todos com cetose elevada comprovada: claridade mental, estado de alerta, energia aumentada, melhoria no sono etc.”
- Em estudos com ratos, a Cetogênica demonstrou efeitos antidepressivos no teste de Porsolt (Murphy, 2004).
- Em um ensaio clínico (Yancy, 2009) comparando Cetogênica e dietas de baixa gordura por 24 semanas para emagrecimento, os resultados demonstraram que aqueles em cetose tiveram melhorias na saúde mental, qualidade de vida e vitalidade.
Há outros dois ensaios clínicos sendo realizados na Inglaterra e no Canadá. Teremos novas informações no futuro.
Tratamentos atuais para Bipolaridade e Esquizofrenia
- A esquizofrenia afeta 1% da população (EUA).
- O Transtorno Bipolar afeta de 2 a 5% da população (EUA).
- Há uma grande sobreposição de sintomas e diagnósticos entre as duas desordens.
- Os resultados dos tratamentos atuais são considerados ineficazes.
- Um estudo observacional (Haro JM et al, 2014) com 6.642 pessoas diagnosticadas com esquizofrenia ofereceu os mais eficientes tratamentos psiquiátricos atuais. Ao final de 3 anos de observação:
– 33% alcançou remissão dos sintomas em longo prazo (fim das alucinações e delírios).
– Os participantes precisaram responder sobre suas vidas: você considera sua vida “decente”? 27% disse que sim.
– 13% conseguiu voltar ao trabalho ou aos estudos com os tratamentos.
– 4% dos pacientes reportaram ter atingido os três itens almejados pelo tratamento: uma vida “decente”, o fim das alucinações e o retorno ao trabalho. 4% dos pacientes conseguiram uma vida minimamente normal com os melhores tratamentos disponíveis.
Leia Chris Palmer na Psychology Today: Chronic Schizophrenia Put Into Remission Without Medication
Dieta Cetogênica para Bipolaridade e Esquizofrenia
- Há três estudos conduzidos em animais por enquanto, demonstrando melhoria (Kraeuter et al, 2015, 2018 e 2019).
- Estudos com humanos nos remetem a 1965, quando um estudo piloto (Pacheco et al, Am J Psychiatry, 1965), recrutou 10 mulheres diagnosticadas com esquizofrenia e introduziu a Dieta Cetogênica por 4 semanas, notando melhoria após a segunda semana. Ao saírem da Dieta, os sintomas retornaram.
Temos relatos de caso também:
- Mulher de 40 anos diagnosticada com transtorno bipolar. Um mês de dieta cetogênica, sem acusar presença de corpos cetônicos na urina (não estava em cetose). Não houve perda de peso ou mudança nos sintomas (Yaroslavsky, Bipolar Disorders, 2002).
- Caso extraordinário: mulher de 70 anos, diagnosticada com esquizofrenia grave, com diversas tentativas de suicídio e delírios e alucinações diários desde os 17 anos. Foi enviada a Eric Westman apenas para perder peso. Westman a colocou na Atkins e, mesmo sem checar presença de corpos cetônicos (presumimos que havia, ainda mais se tratando de Westman), e teve o completo fim dos sintomas ao final da observação. (Kraft e Westman, Nutrition & Metabolism, 2009). Ela segue sem sintomas e firme na dieta, 13 anos depois.
- Duas mulheres diagnosticadas com bipolaridade, com 30 e 69 anos, mantiveram a Dieta Cetogênica por 2-3 anos e cortaram a medicação, demonstrando melhoria superiora com a dieta do que com os próprios remédios (Phelps et al, Neurocase, 2013).
Chris Palmer publicou três estudos, sendo dois estudos de caso e um pequeno ensaio clínico.
- Ketogenic diet in the treatment of schizoaffective disorder: Two case studies (Palmer, Schizophrenia Research, 2017)
- The effects of the ketogenic diet on psychiatric symptomatology, weight and metabolic dysfunction in schizophrenia patients (Gilbert-Jaramillo et al, Clin Nutrition and Metabolism, 2018)
- The ketogenic diet and remission of psychotic symptoms in schizophrenia: Two case studies (Palmer, Eric Westman, Gilbert-Jaramillo, Schizophrenia Research, 2019)
“Uma lição extraída destes estudos é que, se a pessoa atinge resultados com a Dieta Cetogênica, ela precisa prosseguir na Dieta. Não há dias de lixo. No caso de saída da Dieta, os sintomas retornam ainda mais fortes em menos de 24h. Mesmo que a doença esteja em remissão e sinta-se bem para parar, as crises retornam, independentemente da desordem – como no caso da epilepsia”, enfatiza o psiquiatra Chris Palmer MD.
Introduzindo a Dieta Cetogênica para doenças mentais: alertas e riscos
E se você for médico ou tiver um filho com esquizofrenia? Deve abrir a internet e cortar carboidratos? “Não, não façam isso”, alerta o médico.
“Estou dizendo que a Dieta Cetogênica é perigosa? Não. Se você for um indivíduo com metabolismo saudável que quer perder um pouco de peso, vá em frente. Faça carnívora, Atkins, Low Carb, o que for. Faça sozinho. Você precisa de um profissional e acompanhamento rigoroso neste caso? Possivelmente, não”, explica Palmer.
“Mas, esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão com risco de suicídio, estas são doenças sérias. Elas exigem tratamento de um médico competente. Para usar uma intervenção poderosa contra uma desordem perigosa, é melhor que você saiba exatamente o que está fazendo.”
Para finalizar, Dr. Palmer aponta os riscos principais que ele observou em prática. Aviso que são os mesmos exatos riscos que encontro com meus clientes também. Ainda não tenho permissão para divulgar um dos riscos ligados à fase de adaptação e que fica muito claro na minha observação prática, mas compartilharei assim que Palmer publicar suas análises. Por enquanto, veremos questões mais óbvias:
- Quando pacientes utilizam medicamentos psiquiátricos, é necessário observar toda a introdução da dieta com o médico, porque os remédios interferem na cetose e a cetose interfere nos remédios.
- São variados os riscos associados à cetose terapêutica, especificamente nestes pacientes, na fase de adaptação. Dr. Palmer salienta que esta adaptação não se trata apenas da Gripe Cetogênica no sentido de perda de eletrólitos. “Não adianta suplementar eletrólitos, eu já tentei”, explica o médico.
- Na fase de adaptação, há imenso estresse em todo o organismo, em virtude da completa troca metabólica e remoção dos carboidratos. O cérebro destes pacientes já tinha deficiência energética e, nesta fase, a deficiência pode ser agravada. O exato porquê deste período de risco ainda está sendo avaliado. Na fase inicial, os pacientes devem ser acompanhados de perto pelo profissional responsável.
- Relembro a importância de não ter dias de lixo aqui. É fundamental construir uma estrutura de vida que permita a consolidação completa de adaptação. Este é o porquê de eu não trabalhar com duas metas simultâneas: estabilização E emagrecimento. É fundamental estabilizar o cliente e sua vida antes, todo o seu entorno, porque os riscos da saída e da entrada na cetose são elevados demais.
Da minha experiência, fui obrigada a acionar o psiquiatra emergencialmente em dois casos até hoje: uma recaída com alucinógenos em uma paciente bipolar e uma recaída com carboidratos em um paciente com esquizofrenia.
No primeiro caso, um quadro de mania perigoso exigiu intervenção médica. No segundo, um quadro psicótico após restrição de sono e utilização de farinhas e açúcar.
Saúde mental não é apenas comida
Para minimizar a chance destes episódios, Dr. Palmer reforça a importância da introdução de outros tratamentos e terapias. Aqui, você entenderá porque uso “terapeuta” antes de “consultora nutricional”. Não é mero formalismo. As consultas focam sim na Terapêutica e a cetose é uma excelente ferramenta, mas não mais do que isso.
Tipos de exercício, contato com a natureza, hobbies, traumas de infância que levam à repetição de padrões, riscos da cetose elevada em ambientes de estresse externo, ajuste do sono, doenças cotidianas e sua interferência na qualidade de vida, férias, nova carreira, casamentos destrutivos, tudo deve ser revisto sob a luz da estabilidade emocional do cliente.
Palmer indica as seguintes ações em conjunto com a cetogênica:
- Manutenção do sono
- Criação de rotina
- Exercícios físicos
- Terapias paralelas
- Gerenciamento do estresse
- Afastamento de relações abusivas
- Retirada de substâncias químicas (álcool e drogas)
Para tentar a abordagem Cetogênica nestes pacientes, Dr. Palmer aponta os profissionais que lhe acompanharão:
- Um profissional de saúde mental competente
- Um médico com conhecimento de Dieta Cetogênica
- Um profissional competente para administrar a dieta (coach ou nutricionista com conhecimento sobre a cetogênica terapêutica)
Por hoje é isso. Sinta-se livre para pedir temas e deixar suas dúvidas sobre cetose e cetogênica nos comentários.
Leia também: Minha reunião com Chris Palmer e a luta pelas novas diretrizes nutricionais nos EUA
Grande abraço da Juliana Szabluk!
Eu sou diabético. Acompanho sempre a sua página, e quero dizer que essa postagem foi uma verdadeira aula. Continue sempre com esse trabalho incrível. Parabéns!
Diabetes, budismo e saúde mental. Preciso te pedir, explicitamente, que siga acompanhando o site? 🙂 Gratidão pelo carinho.
Maravilhoso artigo, maravilhosas as informações complementares. Cada dia que passa, uma peca a mais se junta no quebra cabeça. Depois de 5 anos em low carb/cetogênica (hoje eu vejo que era 1:1, mais uma coisa que aprendi nesta matéria), com emagrecimento, algumas recaídas, mas certamente com mais de 85% do tempo na dieta, vinha mantendo uma vida saudável, magra e equilibrada mentalmente apesar dos reveses da vida. O fim de um relacionamento em outubro deste ano me deu uma desequilibrada e escorreguei forte na carbolandia. Não consegui retomar a dieta como das outras vezes e pela primeira vez, em 5 anos, passei muito tempo sem controle. comendo carbos compulsivamente (tipo empurrando comida pela boca, com vontade de comer aquilo, mas sem prazer, me empurrando comida goela abaixo) e “coincidentemente” entrei num periodo bem depressivo. O termino me abalou, mas não justificava dor tão grande, vontade de morrer/não ver esperança e sentido na vida. Estou medicada, tomando anti depressivos,
me sinto um pouco melhor por causa dele, mas “coincidentemente” me sinto MUITO MELHOR quando estou me alimentando na cetogenica. E agora que aprendi a observar a quantidade de proteinas (graças a uma matéria publicada aqui neste ano), posso dizer que estou quase sempre na de proporção 3:1. eu me sinto uma ET quando digo para as pessoas que eu sei que a depressão se deve pela alimentação errada. EU TENHO CERTEZA DE
Sei que é isto. sei que estou deprimida por estar alimentando meu cérebro de maneira errada, que meu cérebro precisa que eu me alimente bem para não ser uma pessoa deprimida. estou na batalha para conseguir manter a cetogenica de forma constante. “Uma lição extraída destes estudos é que, se a pessoa atinge resultados com a Dieta Cetogênica, ela precisa prosseguir na Dieta. Não há dias de lixo. No caso de saída da Dieta, os sintomas retornam ainda mais fortes em menos de 24h. Mesmo que a doença esteja em remissão e sinta-se bem para parar, as crises retornam, independentemente da desordem – como no caso da epilepsia”, isto me chocou poque sou um exemplo vivo disto. Preciso ter forças para seguir de forma continua e constante. Obrigada imensamente, Juliana!
Nunca subestimo a influência dos picos na saúde mental. Seja de glicose, cortisol ou insulina (atualmente, estendemos isso à dopamina e à adrenalina). Uma das minhas primeiras clientes foi um grande ensinamento. Uma mulher muito bem resolvida, sem culpa alguma por peso, aparência ou o que for. Comeu um sorvete e ficou uma semana na cama, em episódio depressivo, após meses de estabilização. Cada pessoa tem seu ponto-chave. Dificilmente, veremos alguém que responde apenas à glicose e é intocável pelos outros mecanismos, mas, mesmo assim, o poder de cada um varia. Como tu mesma disse, o que te levou ao episódio na carbolândia foi algo emocional, algo que uma máquina científica reduziria à queda de serotonina, endorfina, o que for. É exatamente isso que ocorre. A beleza é esta complexa ligação, em que uma perturbação leva à outra até que o sujeito dirá “chega, este é meu limite e daqui eu não passo, pois sei retomar meu caminho”.
Poderia te dizer que a meta é aquilo que vemos no mundo atual e que meus clientes com transtornos obsessivos buscam: a construção do mundo perfeito, fixo, em que nada muda, em que tudo está sob controle. Infelizmente, isso seria nossa morte. Então, gosto muito da lei: “deixe a vida vir com seu caos. O meu papel é não cavar mais caos ainda”. É na potencialização da desestruturação que caímos de fato. No fim, nós mesmos tiramos nosso chão.
É muito bonito perceber isso.
[Nada mudou, Carol. Ele certamente te ensinou o que veio para ensinar e tu segue teu caminho mais profundo e verdadeiro, aquele que tu vinha trilhando antes dele e aquele pelo qual vivemos.]
Super postagem, uma das melhores entre todos os sites e blogs que acompanho, parabéns!
Dias de trabalho que definitivamente valeram a pena. Fiquei muito feliz também, Rafael. Não é sempre que isso ocorre 🙂
Juliana, que lindo esse material! Riquíssimo! Há 10 anos eu tenho me dedicado à pesquisas relacionadas à transtornos mentais comuns, foi assim que te achei! Digo que fui picada pelo mosquito da inquietação da saúde mental pois além de ter depressão e transtorno de ansiedade ainda pesquiso sobre isso, meu foco são mulheres e aspectos sociais e decisões individuais (ou hábitos – como a OMS gosta de mencionar). Sei que na saúde não há como apontar um único culpado, mas fico me perguntando até que ponto as pessoas não vem sendo adoecidas pelo estímulo excessivo do consumo de carboidratos (que é extremamente lucrativo não apenas para a indústria alimentícia mas também para a farmacêutica – quanto mais doentes, melhor!). Aí a cetogênica não seria somente resposta para o tratamento de doenças mentais mas também prevenção (desde que seja possível acesso), fantástico! Se tiver conhecimento de algum estudo nessa linha me indique, por favor! Grande abraço e obrigada novamente!
Excelente, Camila! Uma frase tua fica na minha mente… “até que ponto as pessoas não vem sendo adoecidas pelo estímulo excessivo”. Note onde eu edito a frase 🙂 Tenho algo para indicar sim, a sexta edição da obra do Kossoff e da Cervenka (e outros), que ampliou a parte sobre Atkins Modificada. Comprei a versão impressa na Amazon. Esta obra é fundamental pra mim, porque, além do Kossoff, a Cervenka é A mulher para conhecer quando falamos de Cetogênica Terapêutica para adultos – ela implementa os tratamentos no Johns Hopkins https://www.amazon.com/Ketogenic-Modified-Atkins-Diets-Treatments/dp/1936303949
Jú então fica a minha dúvida depois de ler tudo isso! voltamos para a contagem de proteínas?!
Se tu gosta de contar, conte. Como eu trabalho, majoritariamente, com transtornos mentais associados a transtornos alimentares, eu dificilmente colocaria contagem estritas em proteínas. Um caminho muito mais interessante é usar o freestyle optium neo e apenas moderar as proteínas, aliadas ao uso dos mcts, até chegar ao teu ponto de equilíbrio individual (Observe a parte em que ele diz, acertadamente, que com os mcts tu provavelmente poderia chegar a 2,5:1 e manter cetose elevada: é isso que observo sim).
Mas, há pessoas que precisam dos números e das contagens, sentem-se mais seguras. Assim como não há uma única cetogênica, não há apenas um caminho. O que deve ficar disso tudo é que não são caminhões de carne por dia se o intuito for cetose elevada.
JU, ME SINTO MUITO GRATA PELOS SEUS ESFORÇOS, SUA BUSCA PELO CONHECIMENTO E SEU COMPARTILHAR! VOCÊ É UM DESBUNDE! HAHAHAHAHAH! SOU PSICÓLOGA E SEU TRABALHO É ADMIRÁVEL! SOU DIVULGADORA DO SEU CANAL! OBRIGADA ; )
Me dá mais alguns anos para eu poder te chamar de colega. Grande admiração pela tua profissão, Mari. Atendo muitos psicólogos e, quanto mais próximo de vocês chego, mais quero participar do grupo <3
Amei esse conteúdo. Esse post mudou minha visão sobre a cetogênica. Percebi que, com muito esforço, seguia um modelo 1:1. Otimizei meus pratos com ajuda das ilustrações de cada tipo de cetogênica e já estou experimentando mudanças. Valeu mesmo, Ju. Sou sua fã incondicional!
Beijos
Fê, teu comentário é muito precioso para mim e para os leitores do site. É fundamental mostrar às pessoas como estes ajustes são básicos para determinadas melhorias. É grande a quantidade de pessoas que experimenta a keto por um período curto ou feita de forma errada para o propósito que buscam – ou sequer atingem corpos cetônicos – e concluem que a cetogênica não funciona. Todo o trabalho individualizado é de teste, tempo, resiliência. Como tudo deveria ser na vida, não é mesmo? Muito obrigada!
oiiii !!! bom dia …gostaria de saber mais sobre epilepsia de doose…
tenho um filho com crise…de convulsão….e estava tratando como epilepsia
e o mes passado levei ele pra sao paulo..numa clinica especializada
e a Dr elza disse que é uma sindrome Doose…
e ela me disse que tem que fazer a dieta cetogenica
ele comecou a fazer…mas esta mt complicada
mas ja melhorou quase 100 por cento das crises
entao eu estou lendo mt sobre isso
desde ja
agradeco pela atencao
Querida Denise, fico muito feliz de trazer boas notícias para esta família. Sim, a síndrome de Doose está enquadrada como uma das desordens que mais se beneficiam com a Cetogênica. Mas, mais feliz ainda fico de dizer que a Atkins Modificada já foi testada cientificamente para Doose e também com excelentes resultados. A Atkins Modificada é muito mais simples e tranquila de se fazer, é a que utilizo com meus clientes com desordens psiquiátricas. Vou te sugerir fortemente que adquira a obra The Ketogenic and Modified Atkins Diet, do neurologista especializado Eric Kossoff. Ali, ele te dá um verdadeiro guia de aplicação. É uma das minhas obras favoritas. O livro está à venda na Amazon Brasil: https://www.amazon.com.br/dp/B01CGVGZNQ/ref=dp-kindle-redirect?_encoding=UTF8&btkr=1
Outras leituras sugeridas: Modified Atkins Diet Is an Effective Treatment for Children With Doose Syndrome https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28229464/
Ketogenic dietary therapy for Doose syndrome https://www.matthewsfriends.org/keto-therapies/keto-therapies-for/doose-syndrome/
Prezada dra. Juliana Szabluk, obrigado pela clareza e detalhamento de sua descrição, que me ajudou a compreender com mais assertividade as dietas cetogênicas.
Ola Juliana, boa tarde
Meu nome é Tathiana, sou de São Paulo e atualmente moro em Santos.
Fui diagnosticada com EM a quase 4 anos, e tive inúmeros surtos até agora, estou no 5o medicamento na tentativa de conter a progressão da doenca.
Fui obesa no final da infancia e adolescencia, comecei com problemas na tireoide por volta dos 20 anos, e claro, a solução sempre foi medicamentosa
Stress, habitos alimentares e talvez geneticos culminaram com o diagnostico da EM, desde entao eu busco alternativas para conseguir desinflamar meu corpo … eliminei o gluten a uns 3 anos, mudei o estilo de vida, aumentei os exercicios , mas ainda assim sei que nao está como deveria.
Ontem (13/7/21) encontrei um video seu no youtube, e estou boquiaberta com tudo o que sabe/estuda e pratica.
Vou colocar em prática dicas e afins, mas tenho certo receio pois faço MUITO exercicio, e não sei se preciso de tempo de adaptação ou se posso seguir com tudo normalmente.
Parabens pelo trabalho INCRIVEL!!!